Este poema
é para meu amigo
Clóvis, o único
amigo de infância
que minha
cabeça conservou,
um grande
companheiro, sempre
o primeiro a dar
um passo a frente,
ótimo artista,
apelava ao dom
para ganhar as meninas,
e com
seus olhos verdes e
aquela apaixonante
habilidade de
transformar
cores em amor
fazia um estrago
danado,
tinha um álbum
com os rostos de todas
as bocas que beijou
-ou que queria
beijar-, em suma,
meu irmão-de-outra-mãe.
Lembra-te
daquelas bebedeiras
de noites inteiras,
meu irmão? Foram
tantas noites,
tantas noites,
tantos segredos
jurados de túmulo,
este poema escrevo porque
lembrei de você
noite passada,
tive de buscar minha
pequena -sim, uma menina, precisa ver como
está linda- num desses
cinemas modernos que os
jovens se encontram
hoje em dia e
me lembrei
do que me disse numa
daquelas noites em que
teu pai teve de ir
nos buscar
depois de constatarmos
que não
conseguiríamos voltar
por conta própria:
-aproveita esta vida o máximo que puder, Cici, mas quando for a hora de amar, pare tudo o que estiver fazendo e ame
E eu amei, caro amigo,
amei como se não
houvesse amanhã, ou
como se o amanhã
dependesse desse
amor, amei sem dó nem
piedade, com todas as
forças e ridiculamente
sem vergonha
alguma… enfim,
amei.
Amei a mulher mais
linda que a natureza
já concebeu,
inteligente,
interessante,
doce,
como ela é doce,
absolutamente adorável
(a conheci naquela
noite de Natal, por
tua culpa que me
encheu o saco até
conseguir me arrastar
para a casa de
teus primos),
os olhos mais
castanhamente lindos
de toda esta encarnação,
o sorriso a própria
visão de um
mundo novo, e eu
escolhi morar
nesse sorriso,
e tivemos juntos mais
dois sorrisos lindos,
um casou e a outra
adora cinema, vê tantos
filmes quanto o
dia tem de horas, com certeza
e graças a Deus
puxou mais a mãe, adora
esses com espíritos
e sangue e
essas coisas, ao
mesmo tempo não
abandona as princesas
da Disney e quando
é hora de ver novela
mexicana é hora de
ver novela
mexicana e nada mais,
o menino é mais
a cara do pai,
desastrado que só ele,
todo atrapalhado, por
outro lado escreve
estórias absolutamente
hipnotizantes,
também puxou a
sorte do pai para
esposa e pensa
numa moça
bonita que aquele
porrinha deu
de casar, e
finalmente, meu amigo,
chego a nós,
nossa amizade,
amizade essa que
evaporou quando casei,
passei trinta anos
a pensar que sumiu
pois sem as noitadas
minha amizade
já não tinha
tanto valor ou
utilidade, até entregarem
à minha mulher um
desenho dela em
preto-e-branco, todo amarelado
datado de setenta e sete
e assinado por
ti.
Eu amei,
e fui profundamente
amado também,
e é por isso que te
escrevo este poema
hoje, Clóvis, mais de
trinta anos após nosso
último encontro,
para te pedir perdão
e agradecer.
vei, sensacional!!!
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Vei, sensacional é você!!!
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danke bruder!! o/ we all are o/
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Gostei do seu poema!
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Valeussssss!!!!!!!!!!
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