"Nas catacumbas pelas tardes, quando há menos trabalho pinto nas paredes das catacumbas a imagem dos Santos dos Santos que morreram matando a fome e pela manhã imito os Santos agora quero falar dos Santos." Filho de agricultor com professora, José Leonel Rugama nasceu em Vale de Matapalos, Estelí, na Nicarágua, em março de mil … Continue lendo A Nicarágua é um poema de Vinicius de Moraes – tão belo quanto triste
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Não sou de levantar bandeiras, mas se perguntarem devo fumar?, digo deve. Cheirar não aconselho, mas ninguém manda em ninguém, quer ir vai lá. O problema do pó é que ele vai de encontro com o bom e velho cada-um-na-sua-e-todo-mundo-numa-boa. O cara fica na dele e na de todo mundo ao mesmo tempo. Se você … Continue lendo Fuma fuma fuma
Quando você sente um certo amor, e falo no amor como doença, pelas palavras, começar um texto é, na melhor das hipóteses, impossível. Você pode ter a melhor ideia duma vida, um estalo divino, pouco importa, sem um começo decente, que pegue o leitor pela mão, suavemente, como uma mãe, e o envolva de boca … Continue lendo Tutorial pra matar a avó e dormir semitranquilo
Não lembro exatamente como surgiu, já nem estávamos juntos, vivíamos naquele momento a fase que se vive entre o terminar e o desvincular as rotinas de fato. Não sei explicar. Quebrar o primeiro bom dia, as reclamações, dúvidas e boas notícias, o ombro de tantos anos de confiança pode demorar certo tempo, então acabamos por … Continue lendo Esqueci de acrescentar que ela usa óculos
Dia desses vim contar dum campinho onde vez ou outra penso na vida. Pense numa noite bonita. Me sentei como um príncipe. Pernas cruzadas, isqueiro na mão, fone na orelha. Fogo. No primeiro trago brota, essa é a palavra, brota uma viatura feliz e contente contornando o campo. Não deu tempo nem de assustar, esconder … Continue lendo Não votem, se matem
Estou aqui num campinho perto de casa. Isso mesmo, estou. Não estava nem estarei. Estou. O campo fica grudado numa creche, e recentemente construíram uma pequena arquibancada, uns poucos degraus de cimento. E aqui estamos nós. Um tantinho ali pra esquerda ergueram também um pequeno quartinho. Não tem reboco ainda. Talvez seja um projeto de … Continue lendo Pequeno tratado das doenças que queremos ter
Se Deus não dorme abraçado com Tom Jobim. Por favor, me dê só uma noite, Santo Pai. Uma noite. Num bar. Qualquer bar. Preciso dum trago só. Dois, se não for abuso, e olhá-lo de longe. Me bote ali, num banquinho ao lado do banheiro, perto daquele negócio onde os cavalheiros escarravam. E me traga … Continue lendo Breve como o tempo
noutro dia mandei uns versos e outras prosas ao poeta Álvaro Alves de Faria, aquele mesmo que vive só e conversa com passarinhos: um dos últimos poetas sobre meus originais disse ter lido todos, poemas crônicas um e outro conto perdido, e aquilo me deu uma raiva danada muitíssimo educado o poeta, disse ter gostado … Continue lendo Táubua de tiro ao Álvaro
Outro dia levei a Lua pra passear, Lua minha salsichinha, como de costume fazemos. Atravessamos um quarteirão e sentamos na mesma praça de sempre, nada anormal. A praça que não é mais praça, agora é um monte de mato com uns tantos bancos também se afundando no mato, ao lado do que um dia foi … Continue lendo O céu sem poesia é só ciência. O homem também.
A primeira mulher que comi tinha quinze anos. Eu tinha quinze anos, não ela. Ela era uma pretona quase-velha que hoje já deve estar morta. Foi num cabaré que ficava de frente da igrejinha pra onde vovó me arrastava alguns domingos. Numa casinha toda ajeitadinha, de portão baixinho roxo e até uma placa de cuidado … Continue lendo Uma biografia de Jesus