Me estenda aqui um cigarro. É tudo o que nos resta. Sentar no quintal fumar um cigarro abrir um livro. Sentir a manhã antes de vendê-la. Antes que te tirem o quintal, o livro. Antes que te enfiem num barracão onde dizem morar a dignidade que só é possível quanto menos sobra do dia. Só … Continue lendo Fim de festa
Tag: Crônica
Não digo que foi fácil me esgueirar pela porta. Também não foi muito difícil. Essas portas de correr você só enfia uma pata e ela já te abre um espacinho. Difícil estava permanecer dentro. Deixa eu te contar uma coisa. As coisas andam mudando muito rápido por aqui. Até outro dia a gente morava numa … Continue lendo Na minha pele
Céu azul. O primeiro sol da manhã batendo no rosto. Fone no ouvindo. (Prince gritando dentro dele). Cadeirinha de área. Baseado entre os dedos. Vento soprando, fumaça subindo e eu rindo sozinho pensando em Jorge. Que também é Messias, igual a Jesus Cristo. Pois bem. Vou contar a história de Jorge Messias. A prova viva … Continue lendo Um tipo de amor que é de comer e cuspir no prato
Eu só quero morrer. Talvez essa não seja a melhor maneira de começar uma crônica, mas é o primeiro pensamento que dá na cabeça de muita gente ao acordar. Eu só quero morrer. Abandonar tudo. Fugir. Mas você não morre, não abandona coisa alguma - pouco importa o quanto te esteja machucando -, não tenta … Continue lendo Prometo falar sério mas em forma de piada e sem ligar pra muita coisa
"Nas catacumbas pelas tardes, quando há menos trabalho pinto nas paredes das catacumbas a imagem dos Santos dos Santos que morreram matando a fome e pela manhã imito os Santos agora quero falar dos Santos." Filho de agricultor com professora, José Leonel Rugama nasceu em Vale de Matapalos, Estelí, na Nicarágua, em março de mil … Continue lendo A Nicarágua é um poema de Vinicius de Moraes – tão belo quanto triste
Quando abri a segunda garrafa de Velho Barreiro, ainda estava em casa, tomando no quintal, sentado numa cadeirinha de área azul. Já se iam umas duas da manhã, e eu nunca fui muito de beber sozinho, e cá entre nós não tenho vocação pra Chinaski, essa coisa de esperar o dia nascer pra sair pra … Continue lendo Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz
Já me disseram que tenho uma facilidade pra sumir, digamos, encantadora. Adoro ironia. Mas vamos lá, João Gilberto era encantador. Um velhinho de pijama exilado num apartamento tocando violão doze horas por dia. Dando a mínima pro singelo detalhe de ser a principal mente dum movimento que influenciou crianças como Chico e Gil, do qual … Continue lendo Marilyn Manson – histórias que levar ou não pro túmulo não faz a menor diferença
Jesus. Vem aqui, Jesus. Jesus o pai de Geisiele. Eu gritava. Acorda, Jesus. Vem aqui fora deixar eu namorar tua filha. Eu só quero uma. Jesus. De repente sai o vizinho com uma peixeira na mão. Continua gritando agora aí, ô filho da puta. Jesus não me salvou. Nem deixou eu namorar Geise. Tive de … Continue lendo Tem mais samba nas mãos do que nos olhos
Não sou bom com essa coisa de críticas e resenhas, mas estou lendo um livrinho ma ra vi lho so, e preciso contar. A morte é um dia que vale a pena viver. Ana Cláudia Quintana Arantes. Ela é médica. Doutora Ana Clara Quintana Arantes. Eu não a conhecia, mas a imagino com voz doce … Continue lendo Independência ou morte, por favor
Apareço aqui a cada meio século, quando apareço, e sempre reclamando que não tenho o que falar. E não é por mal, eu realmente tenho pouquíssimo a dizer. Deve ser isso, ter o que contar até tenho, o que não tenho é tanto o que contar assim, e por isso apareço pouco. Mas acontece também … Continue lendo Loucademia de Polícia Militar